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Vida e Morte de um Herói do 13º BC - Capítulo XV

Da redação: 6/3/2022 - 13:18 horas . As operações militares desenvolvidas pelas forças aliadas nos meses de fevereiro e março de 1945 na Itália, já perto do final do inverno europeu, resultaram em importantes vitórias e foram cruciais para criar as condições que permitissem o lançamento da Ofensiva da Primavera: a operação que determinaria a derrota definitiva dos alemães. E a Força expedicionária Brasileira (FEB) participou ativamente dessas operações.

Ainda em fevereiro de 1945, com a chegada à Itália da 10ª Divisão de Montanha dos Estados Unidos, foi deflagrada a Operação Encore, uma ofensiva conjunta que previa a captura de Monte Castelo, a conquista de Santa Maria Viliana e a tomada de Torre di Nerone e Castelnuovo.

Com a destacada atuação da FEB, os brasileiros tomaram as posições de Monte Castello (em 21 de fevereiro) e Castelnuovo (5 de março), enquanto os norte-americanos tomavam: Belvedere e Della Torraccia.

Pode-se dizer que a mais importante batalha travada pelos brasileiros naquele março de 1945, tenha sido a tomada de Castelnuovo. A ofensiva brasileira àquela posição iniciou-se no dia 5 de março, quando o 1º e o 2º Batalhões do 6º RI, comandados por João Carlos Gross e Henrique Cordeiro Oeste, iniciaram sua primeira missão: dominar as eficientes posições de fogo dos alemães em Soprassano, ao sudoeste de Castelnuovo. Ao mesmo tempo, ao redor de Precaria, o 1º Batalhão do 11º RI cobriu o flanco do 6º RI e apoiou o principal ataque direto a Castelnuovo.

Essa ofensiva se iniciou ao meio dia do dia 5 e, às 18 horas, com considerável ajuda da artilharia, Castelnuovo e Soprassano caiam em poder da FEB. Esta vitória rendeu muitos elogios dos americanos à atuação dos brasileiros e contribuiu para o lançamento, em abril, da Ofensiva da Primavera, última etapa da campanha da FEB na Itália (Texto: Especialista da Rota da Força Expedicionária Brasileira)

Apesar da saudade de Etelvino, Thomaz Silveira de Souza, Maria Francisca e os filhos estavam plenamente adaptados à nova morada na Ponta de Baixo, em São José. A olaria da família era a melhor e mais bem instalada entre as mais de 10 existentes na localidade que possuía somente uma rua com cerca de cerca de 5 quilômetros. Perfeccionista, Thomaz estava sempre preocupado em produzir louças com a melhor qualidade, por isso comercializava facilmente toda a produção. Os compradores possuíam carroças que eram carregadas de louças quase todos os dias. Para atender seus clientes em Joinville, Thomaz utilizava caminhões da Transportadora Radunz. Ao contrário do que acontecia no Boa Vista, em Joinville, na Ponta de Baixo não precisava remar na canoa de um pau só ou esperar ventos e marés favoráveis para transportar louças até São Francisco do Sul.

A notícia da vitória da FEB na batalha de Monte Castello divulgada euforicamente pelo Repórter Esso, ouvida no rádio alimentado por energia gerada por um pequeno catavento, foi recebida pela família com muita alegria. Na volta da casa de Antônia, irmã de Maria Francisca, para onde os pais de Etelvino se deslocavam a pé juntamente com os três filhos menores pelo menos duas vezes por semana, no período noturno, para ouvir no rádio, notícias que a guerra poderia estar chegando ao fim. A batalha havia provocado mais de uma centena de baixas nas forças aliadas. Ainda no caminho de volta, na escuridão da noite, mentalmente Maria Francisca implorava a São Pedro pela proteção do filho

O mês de abril de 1945 foi marcado pela rendição das forças alemãs na Itália. Depois dos esforços da Operação Encore, no mês de março, o comando aliado organizou o plano final da Campanha da Itália: a chamada Ofensiva da Primavera, destinada a levar com rapidez à derrota definitiva do nazifascismo naquele país.

E foi assim que aconteceu, com uma das mais importantes missões delegadas à FEB. Acatando sugestão do próprio comandante brasileiro, general Mascarenhas de Morais, o comando aliado designou à FEB a missão de capturar a cidade de Montese, posição de importância vital para abrir a passagem das forças americanas e britânicas ao Vale do Rio Pó.

E esta foi uma das mais difíceis batalhas enfrentadas pelos brasileiros. A própria posição da cidade, localizada em uma elevação, favorecia os alemães. Sem apoio das forças aliadas, pela primeira e única vez a FEB operou de forma integrada com seus elementos de artilharia expedicionária, os três regimentos de infantaria e o esquadrão de reconhecimento mecanizado.

A tomada de Montese revelou aos pracinhas a guerra urbana, com combates dentro da cidade, obrigando os soldados a conquistar cada casa, que poderiam esconder armadilhas e abrigar inimigos prontos para realizar emboscadas.

Talvez por isso, Montese tenha sido uma das mais violentas e sangrentas batalhas travadas pela FEB. A investida contra a cidade começou com o ataque de dois pelotões a postos avançados dos nazistas. O 1º Pelotão foi detido pelo forte fogo inimigo, mas, mesmo assim, conseguiu conquistar o objetivo algumas horas depois. O 2ª Pelotão foi detido em um campo minado, sendo castigado pela concentração do fogo de artilharia. Neste ataque, seu comandante foi atingido mortalmente na cabeça. Devido a esses contratempos, o objetivo definido para o 2º Pelotão não foi atingido.

Na tarde do mesmo dia houve o ataque principal à elevação onde estava a cidade. Na hora definida, o 1º Pelotão atacou. A tropa foi atingida por intenso fogo de artilharia, que dificultou o contato entre as equipes. Além disso, muitos soldados foram atingidos. Mas, ao cair da noite, as posições na encosta estavam consolidadas.

A batalha continuou no dia seguinte, quando as tentativas das forças alemãs para retomar a cidade iniciaram aquela que seria a mais sangrenta batalha envolvendo forças brasileiras em território estrangeiro desde a Guerra do Paraguai.

Mas as forças brasileiras levaram vantagem e, em 16 de abril, os contra-ataques alemães cessaram. Com isso, no dia seguinte, os brasileiros iniciaram o trabalho de "limpeza", na cidade e nos arredores, contra franco-atiradores.

Essa vitória foi fundamental para o sucesso da Ofensiva da Primavera. Porém, o seu custo foi bastante alto: 34 mortos e mais 396 soldados feridos, aprisionados pelo inimigo ou desaparecidos. Do lado alemão foram 44 mortos e 453 soldados aprisionados, totalizando 497 baixas. A pequena cidade de Montese ficou praticamente arrasada: de suas 1.121 casas, 833 haviam sido destruídas. A luta também deixou 189 civis mortos.

A campanha da FEB na Itália se aproxima do fim. Será que o herói do 13 BC estará entre os pracinhas que voltarão as braços de suas famílias?

Novos capítulos são postados  em todas  as segundas-feiras.

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